A espécie humana conseguiu sobreviver aos longos períodos de fome e de escassez de alimentos pelos quais passou, ciclicamente ao longo de milénios, porque desenvolveu um sistema, muitíssimo eficaz, de absorver e armazenar a energia alimentar sempre que se deparava com comida.
Esse sistema, muitíssimo eficaz, de absorver e armazenar a energia alimentar envolve a insulina e o seu mecanismo de funcionamento.
A insulina é o transportador da glicose do sangue para dentro das células.
A glicose é o açúcar proveniente da digestão dos alimentos. Este açúcar é o combustível usado pelas células para produzirem a energia necessária ao seu funcionamento.
Sem insulina, a glicose absorvida pelo sangue ao longo do tubo digestivo, fica no sangue e não tem forma de passar para as células, para onde deve ir e onde é necessária
A insulina é produzida pelo pâncreas, e lançada no sangue, a cada momento e de acordo com a quantidade de açúcar a ser transportado.
Conforme o tipo de alimentos que se está a comer e consoante esses alimentos se vão transformando em açúcar e este passa para o sangue, elevando o nível de açúcar no sangue, de forma rápida ou lenta, o pâncreas é avisado da quantidade de transportadores que é necessário ir produzindo em maior ou menor quantidade.
Quer dizer, se no processo digestivo, um alimento se transforma em açúcar de forma muito rápida e o açúcar passa em avalanches para o sangue, o pâncreas é imediatamente informado de que é necessário produzir uma grande quantidade de transportador, a insulina.
O pâncreas produz rapidamente muita insulina e lança-a no sangue.
Quando, pelo contrário, se está a fazer a digestão de alimentos que se transformam em açúcar de forma lenta, a quantidade de açúcar que passa para o sangue é pequena, o pâncreas é avisado que deve ir produzindo, e lançando no sangue, insulina em pequenas quantidades.
A insulina é capaz de transportar a glicose do sangue para as células porque as células abrem a sua porta de entrada do açúcar quando a insulina "lhes mostra o sinal de acesso”.
Se as células "não sentirem o sinal dado pela insulina” podem estar desesperadas a necessitar de combustível para o seu funcionamento, mas não abrem a sua porta à entrada de glicose.
A resposta das células ao estímulo da insulina é de uma grande delicadeza. Uma pequena variação no nível de insulina provoca logo a reação das células para permitir a entrada de açúcar.
De forma análoga, no silêncio, qualquer som, mesmo baixinho, é facilmente ouvido.
Mas depois de estarmos no meio de uma grande barulheira, para que as células dos nossos ouvidos consigam perceber uma frase é necessário falar muito alto.
As células do ouvido depois de habituadas durante umas horas a estímulos muito intensos deixam de ser capazes de reagir, de perceber, os sons de baixa intensidade.
Quando várias condições de vida levam a que o nível de insulina no sangue esteja permanentemente elevado, as células, habituadas a esses níveis elevados de insulina, precisam de quantidades cada vez maiores de insulina para reagirem.
É como se "ficassem surdas” para os sons mais baixos.
Apesar de haver uma grande quantidade de insulina no sangue, as células que já não são capazes de perceber e reagir a níveis a esses níveis elevados de insulina, não abrem a sua porta à entrada de açúcar.
A isto chama-se insulinorresistência ou resistência à insulina.
O fator mais determinante que leva à produção de elevados níveis de insulina é a ingestão frequente de açúcar ou de bebidas e alimentos doces.
A ingestão de açúcar ou de bebidas e alimentos doces faz elevar de forma rápida o nível de açúcar no sangue.
Os elevados níveis de açúcar no sangue incitam o pâncreas a produzir grandes quantidades de insulina.
Os níveis de insulina no sangue, frequentemente elevados, diminuem, progressivamente, a sensibilidade das células à insulina.
A falta de sensibilidade das células à insulina faz elevar o nível de açúcar no sangue porque não é transportado, de forma eficaz, para dentro das células (isto é a diabetes tipo II!).
A falta de açúcar dentro das células leva estas a um grande sofrimento por falta de combustível, o que é percebido pelo cérebro como um alarme.
Então, a par um grande cansaço a pessoa sente uma necessidade imperiosa de comer açúcar e doces.
… A ingestão de açúcar ou de bebidas e alimentos doces faz elevar … … … …
A eficácia da insulina e do seu mecanismo de ação, que nos permitiu sobreviver enquanto espécie a milénios de fome e escassez alimentar, é agora, perante a abundância de açúcar e doces, o feitiço a virar-se contra o feiticeiro!