As plantas produzem substâncias designadas por metabolitos secundários para a sua proteção contra pragas e doenças.
A quantidade produzida depende de vários fatores, incluindo a variedade, o "terroir” (condições de solo e clima).
O estado de maturação e os métodos de proteção fitossanitária da cultura.
É compreensível que, na generalidade, se verifiquem teores mais elevados (10 a 50%) nos alimentos produzidos em agricultura biológica.
Já que é substancialmente reduzida a aplicação de pesticidas, obrigando a planta a reagir, desenvolvendo os seus próprios meios de defesa.
De entre os diversos metabolitos secundários, as designadas substâncias antioxidantes são igualmente importantes para a saúde humana.
Os polifenóis, presentes em vegetais e frutos, são dos exemplos mais estudados.
A maçã é rica em polifenóis, ao nível da polpa, mas ainda mais na casca. Essa riqueza depende da variedade de maçã e do modo de produção.
Quanto à variedade, um estudo comparativo de polifenóis totais na polpa de maçãs de variedades regionais com variedades comerciais (Projecto AGRO nº 740).
Mostra teores mais elevados nas regionais e diferentes para cada variedade.
No âmbito do mesmo projeto, quando comparadas as maçãs provenientes de agricultura biológica e agricultura convencional, verificou-se a maior riqueza em polifenóis nas biológicas.
Um estudo comparativo do teor de flavonol (um polifenol) em maçãs de agricultura biológica e de agricultura convencional.
Em 10 explorações agrícolas, ao longo de 3 anos, apresenta valores médios de 2,75mg/100g de matéria seca nas maçãs "biológicas” e de 2,37mg/100g nas "convencionais” (Alfoldi, et al., 2006).
Teor em flavonol (polifenol antioxidante) em maçãs de agricultura biológica (bio) e de agricultura convencional (conv).
Em 10 explorações agrícolas, ao longo de 3 anos (Alfoldi, et al., 2006).
Na prática, esta diferença de 16% é maior quando se comparam as duas maçãs, já que a maçã "biológica” contém teores mais elevados de matéria seca e, consequentemente, mais flavonol.
E mais importante ainda é a ausência de resíduos de pesticidas agrícolas de toxicidade aguda ou crónica elevada, o que nos permite comer o fruto com a casca sem riscos sanitários, aspeto abordado num próximo artigo.