A educação apresenta uma enorme influência na nossa estrutura emocional.
Nas práticas parentais favorecidas pela sociedade consumista favorecemos o excesso ao invés do qualitativo e da adequação do consumo às nossas necessidades reais.
A qualidade dos alimentos ingeridos, a sua quantidade, bem como o modelo de alimentação (transmitido pelos nossos cuidadores) influenciam nas nossas emoções e na forma como lidamos com elas.
Os problemas emocionais e a forma como somos educados a lidar com eles ( por exemplo, se fizer birra dá-se um doce, se tiver boa nota, dá-se um gelado) podem conduzir a problemas alimentares, nomeadamente a propensão para os doces.
Neste sentido, pode surgir a Adefagia !
Sensação de fome impiedosa que recai sobre os alimentos prediletos. O desejo termina mal tenha sido tranquilizado.
Não temos percepção de estarmos frágeis quando cedemos à adefagia, apenas sentimos que estamos a responder a necessidades fisiológicas.
A necessidade urgente de doces constitui a mais comum. Muitas vezes sentimos tonturas, dores de cabeça, cansaço, pois estamos a sentir uma quebra dos níveis de açúcar no sangue.
Quando respondemos a esta necessidade com os doces, é semelhante a bebermos um shot de açúcar ou serotonina, o neuromediador cerebral que dispara após a ingestão massiva de açúcar e que induz o bem-estar.
Um dos exemplos mais comuns assenta no chocolate.
O chocolate é associado aos prazeres da infância , portador de doçura.
A nível simbólico existe uma ligação entre o período de infância e de um casulo protetor.
Muitos viciados em chocolate apresentam carências afetivas, por exemplo, podendo ser resultado das práticas educacionais supracitadas.
O comportamento de comermos sem pensar, especialmente os doces, constitui uma regressão ao estádio oral, espelhando a atitude de um recém nascido, saciado a mamar tranquilamente.
Não se trata de uma resposta a uma necessidade, mas sim de uma dimensão de prazer passivo protelada pela inadequada prática parental de recompensa alimentar.