Felicidade e Sofrimento são dois estados emocionais que se inserem no continuum da vida e, por isso, não necessariamente opostos.
O que podemos reflectir sobre esses dois estados de forma a avançarmos no nosso auto- conhecimento?
Será que podemos estar em sofrimento e não nos consideramos pessoas infelizes? Será que essa competência nos garante um melhor equilíbrio psicológico?
Não estar doente garante a felicidade?
Todos aspiramos à Felicidade e recusamos a inevitabilidade do Sofrimento. Ser feliz não pressupõe vivermos em permanente prazer, nem a experiência constante de emoções positivas. As emoções negativas e o sofrimento são parte da condição humana.
A Felicidade é um estado que se relaciona com alegria, com a capacidade de nos envolvermos com a nossa vida e também de atribuirmos um significado para além do material, à nossa existência.
Não existem fórmulas de felicidade mas sim linhas orientadoras que nos posicionam em relação a nós, aos outros e ao mundo.
A nossa grelha de interpretação do mundo conduz a processos específicos de atribuição de significado ao mundo e à vida e baseia-se num quadro de referência relacionado com expectativas de vida, com o meio social e cultural em que estamos inseridos e da estrutura da personalidade.
Assim, em situações equivalentes, diferentes indivíduos apresentam reacções e sentimentos diferentes.
Observe! O que a si o deixa feliz, ao seu colega do lado já não tanto!
A Psicologia Positiva tem trazido um forte contributo na compreensão da Felicidade. A sua abordagem reforça as potencialidades de cada pessoa e o papel das emoções positivas no equilíbrio integral do indivíduo.
Uma perspectiva positiva sobre o ser humano realça a importância de novas experiências e do conhecimento, para o crescimento pessoal e para a auto realização.
Nesse trajecto, o indivíduo identifica e potencia as suas características positivas e assim desenvolve e reforça a sua autoconfiança, a sua auto-eficácia e a sua auto-estima. São factores interdependentes e geradores de optimismo e de bem-estar.
Progressivamente assumimos a responsabilidade da nossa existência. Devemos procurar e explorar novos olhares e novas crenças sobre o mundo que contribuam de forma racional, positiva e flexível, para a compreensão da realidade.
Esta compreensão passa por aceitar o que não depende de nós e activamente mudar aquilo que está ao nosso alcance.
Por vezes desgastamo-nos à espera que os outros atribuam um sentido à nossa vida quando devemos encontrar em nós a liberdade/responsabilidade de tomar opções e de gerir a nossa própria existência.
A confiança que resulta do conhecimento e da experiência liberta-nos de Mecanismos de defesa presentes em esquemas mentais, comportamentais e de relação com os outros.
Pessoas rígidas que, evitando a realidade, o contacto com o outro (tão importante para a Felicidade), com as emoções, com o eu, dificilmente têm qualidade de vida. Presas à dor e à expectativa teórica de felicidade, reforçam esquemas disfuncionais que só um processo de mudança pode quebrar.
Expectativa teórica quando se acredita no prazer a curto prazo (muitas vezes presente em pessoas com baixa tolerância à frustração), na construção de objectivos irrealistas sem condições objectivas de realização (o chamado princípio do prazer), ou na felicidade individual sem respeito pela responsabilidade social.
Felicidade e sofrimento são processos dinâmicos que dependem de um processo criativo de mudança e com fonte no conhecimento e na experiência!