Deprimir depende de ser homem ou mulher?
Quando se pronuncia a palavra depressão quase que imediatamente se associa ao género feminino.
Os motivos para tal facto são vários.
Socialmente são conotados com mais facilidade os sentimentos de tristeza e passividade à mulher do que ao homem.
Também a exteriorização de emoções e sentimentos é algo mais associado à mulher, tanto no seio familiar como no social.
Afirmar que as mulheres são mais emotivas do que os homens pode ser muito limitativo . (curioso é que, a própria história seja no passado seja no presente, fala da impossibilidade de expressão das emoções pelas mulheres, muitas vezes dominadas pelos homens).
Contudo, elas apresentam- se com uma maior tendência para pedir ajuda e por expressarem mais claramente o que sentem.
As alterações de humor relacionadas com as mudanças hormonais (existe evidência significativa que mulheres menstruadas apresentam alterações moderada de humor ou sintomas sintomáticos no ciclo).
E as vivências relacionadas com os períodos neo e pós natal são factores de risco para o desenvolvimento de um quadro depressivo na mulher.
A nível social é lhes exigido uma multiplicidade de papéis e funções que quando não são realizados produzem sentimentos de desvalorização e perda de auto-confiança, dificultando a vivência social.
Podemos referir algumas situações: infertilidade, dificuldade em engravidar; ou situações em que por falta de apoio familiar existe dificuldade na gestão do papel de mãe ,esposa e profissional.
Na nossa história, o sexo masculino desenvolveu um conjunto de características que levaram a estereótipos associados ao ser corajoso, desinibido, dominador e independente.
São eles que conduzem a dificuldades na aceitação e consequente confronto com a depressão.
Exemplificativo é que os homens perante situações emotivas apresentam respostas fisiológicas. O uso do álcool é também frequente.
A experiência e a descrição dos sintomas variam de individuo para individuo e, neste caso, de homem para mulher de acordo com a cultura.
Para a compreensão da pessoa e para um diagnóstico correto por parte dos técnicos de Saúde, este facto não pode ser descurado.
Ao homem, por razões de género parece não ser ainda dada, como à mulher a mesma oportunidade de deprimir.
Não se trata de uma questão de defesa de igualdade de géneros , mas como sempre em Saúde mental, da necessidade de alertar para as armadilhas de uma vida saudável .