Para todos os que fazem terapia anticoagulante com medicamentos como a varfarine ou o sintrom, esta é uma dúvida extramente comum.
Alguns médicos proíbem totalmente a ingestão de legumes e mesmo de algumas frutas, enquanto outros proíbem apenas alguns. Após uma valor analítico mais alterado, muitos dos pacientes são recriminados sobre o que comeram e não deviam ter comido.
O medo instala-se e a solução mais fácil é deixar de comer hortícolas e frutas. Vamos entender como melhor contornar esta situação.
Vitamina K e coagulação
A vitamina K é uma vitamina lipossolúvel que existe em diferentes alimentos e que pode ser produzida a nível intestinal.
Existem 3 tipos de vitamina K: a vitamina K1 (de origem alimentar), a vitamina K2 (produzida pelas bactérias intestinais) e a vitamina K3 (de origem sintética).
Esta vitamina tem ações muito importantes a nível da coagulação sanguínea e a nível da formação da massa óssea.
A nível da coagulação a vitamina K é responsável pela formação de diferentes moléculas que permitem a coagulação sanguínea – que é um mecanismo essencial para controlar as hemorragias.
Sem vitamina K, não conseguiríamos parar de sangrar, e o mais pequeno corte poderia ter consequências graves.
Fontes alimentares de vitamina K
As maiores fontes de vitamina K são os vegetais de folha verde escura, em especial os brócolos, as couves de bruxelas, a couve e as nabiças, com níveis superiores a 100 mcg / 100g de alimento.
Nos lacticínios, carne e ovos, os níveis de vitamina K podem ir até 50 mcg/100g, e no caso das frutas e cereais cerca de 15 mcg/100g.
Anti-coagulantes
Perante algumas situações clinicas, os médicos necessitam que o nosso organismo não coagule tão bem.
E para isso precisam de bloquear parcialmente o efeito da vitamina K, daí que um dos medicamentos usados sejam os Antagonistas da vitamina K, como a varfarina ou o sintrom, que são usados há mais de 60 anos.
Como existe uma curta separação entre a dose insuficiente e a dose excessiva (que pode ter diferentes efeitos secundários e alguns deles graves).
Todos os indivíduos que fazem esta terapêutica necessitam fazer controlos sanguíneos com bastante regularidade, e de acordo com os resultados aumentam ou diminuem a dose de medicação.
Infelizmente, conseguir a dose adequada nem sempre é fácil, pois esta depende de muitos factores.
Desde já existe uma resposta individual à dose (ou seja, a mesma dose tem efeitos diferentes em pessoas diferentes).
Além disso, a dose necessária é variável no mesmo individuo ao longo do tempo, e depende de muitos factores, onde a alimentação é apenas um deles.
Anticoagulantes e alimentação
A ingestão de vitamina K altera a ação dos anticoagulantes orais que tentam bloquear a ação desta vitamina.
Quanto mais vitamina K ingerir, mais quantidade de medicação necessita, e quanto menos vitamina K ingerir, menos quantidade de medicação necessita.
As listas de alimentos que possuem vitamina K são enormes, e a forma mais fácil parece mesmo ser evita-los a todos, nomeadamente os hortícolas, sendo esse o conselho dado por alguns profissionais de saúde.
Mas a não ingestão de hortícolas e frutas vai impedir que os indivíduos sob esta medicação anticoagulante beneficiem dos benefícios associados à ingestão destes, nomeadamente: prevenção cardiovascular.
Prevenção do declínio cognitivo, prevenção do cancro, controlo do peso, controlo da diabetes e da tensão arterial, entre muitos outros.
Então o que fazer?
A variação na ingestão de alimentos ricos em vitamina K altera a coagulação e altera a dose de medicação necessária.
Logo, se a sua ingestão de vitamina K se mantiver mais ou menos constante, não vai haver interferir assim tanto na dose de medicação que necessita.
Desta forma, se é uma pessoa que retirou na totalidade estes alimentos vegetais.
Introduza-os gradualmente na sua alimentação (evitando para já as fontes mais ricas em vitamina K como os vegetais de cor verde escura), ao mesmo tempo que vai fazendo o seu controlo analítico.
O grande objetivo é conseguir manter estável a sua ingestão em vitamina K e uma ingestão adequada dos outros nutrientes contidos nos alimentos vegetais, ou seja, conseguir comer a dose certa de hortícolas e frutas.
Quando conseguir atingir a sua dose "ideal” de vitamina K e de medicação, mantenha o equilíbrio, ingerindo diariamente os hortícolas e frutas que necessita e fazendo os acertos necessários na dose de medicação.
Para um apoio mais personalizado, fale com uma nutricionista e/ou dietista.