Não há melhor cura para a inflamação – da alma? do corpo? – do que um bom livro.
Neste caso, do que um livro que nos faça perder horas seguidas envolvidos numa história muito bem-humorada, e cheia de informação que nos transforma em wikipédias humanas dos assuntos mais variados da civilização.
Mas este não é um livro qualquer. Aliás, nem é bem um livro, são três, ou melhor, oito. De que género? Bem, isso é ainda mais complicado de perceber.
O Ciclo Barroco, de Neal Stephenson, é uma das mais intrigantes obras da literatura. Passando-se no início do Tempo Moderno (segunda metade do século XVII), em mais destinos do que aqueles que podemos agora referir.
Seguimos a aventura alucinante de duas personagens brilhantes: Eliza, a Odalisca genial, mestre de finanças e de espionagem que vira Duquesa (em mais do que um sítio...) e Jack «meia-gaita – literalmente -» Shaftoe, o mais infame de todos os Vagabundos.
Um expedito e rocambolesco anti-herói que consegue acabar por ser perseguido por quase todos os países da Cristandade, e não só.
Por entre eles conhecemos personagens reais como Leibnitz, Newton, Waterhouse (fundador do MIT), Huygens, D’Artagnan, Robert Hooke, Wren, Samuel Pepys, «Barba Negra», e tantas outras personagens da realeza europeia de então, como Pedro, «o Grande» da Rússia, Luís XIV, o «Rei-Sol», Guilherme d’Orange, Jaime II de Inglaterra, Jan Sobiesky, Benjamin Franklin, etc.
Como podem reparar, este é um livro muito variado, podendo aqui seguir a génese do tempo moderno.
Do início da ciência – física, matemática, química, ao começo da banca, da bolsa e das finanças, da pirataria à Cabala e à Alquimia, entre muitas outras coisas, tudo recheado do melhor humor e de uma imaginação alucinante.
Em Portugal, infelizmente, só conseguimos encontrar o primeiro do livros, ou melhor, os três primeiros, pois o primeiro volume da Trilogia («Quicksilver») é composto por 3 volumes: «Argento-vivo», «O Rei dos Vagabundos» e «Odalisca», os três publicados pela Tinta da China.
Para os restantes dois («The Confusion» e «The System of the World»), terão de recorrer à língua inglesa (Volume 2 e Volume 3), garantido que não ficarão desiludidos.
São milhares de páginas (cerca de 2.500) de aventuras que irão fazer esquecer qualquer inflamação que tenha e o farão ver o mundo moderno como era na sua origem, e perceber algumas das coisas que atualmente são.