Ao longo da evolução humana, a forma de viver e alimentação foram evoluindo.
Todas as alterações que se deram tiveram consequências na saúde humana, qualidade e esperança média de vida.
Os cereais marcaram a evolução humana
Quando a agricultura surgiu, alterou a forma como o homem vivia e comia. Éramos caçadores-recolectores em pequenos grupos e passamos para grandes grupos sediados em zonas fixas.
Esta revolução neolítica permitiu que houvesse armazenamento de comida, tendo começado aqui a nossa tendência para os cereais. Passamos a ter hidratos de carbono provenientes dos cereais disponíveis durante todo o ano.
Mais recentemente, a revolução industrial com a mecanização da agricultura, permitiu consolidar a presença dos cereais na alimentação humana, pois a produção passou a ser em massa.
Estes dois marcos na história fazem diferença na saúde, pois a prevalência de certas doenças foi alterada.
Obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, dislipidemia, osteoporose são exemplos de doenças que surgem ao mesmo tempo que os hábitos alimentares foram piorando.
A alimentação com frutos, legumes, oleaginosas (nozes, amêndoas, avelãs,…), carne e peixe foi substituída por uma alimentação pobre em fibra, rica em açúcar, farinha refinada e todos os seus derivados (pão, bolachas…).
Ossadas humanas datadas do período do Paleolítico (antes da entrada dos cereais na nossa alimentação) mostram indivíduos com dentições impecáveis e com estados de saúde óptimos.
Já depois do Neolítico e com o início da alimentação baseada nos cereais, consegue-se verificar de forma clara, o aparecimento de doenças ósseas de desgaste articular em indivíduos jovens.
Portanto, a herança histórica que as ossadas nos deixaram mostram que com a introdução dos cereais foram, efetivamente, começando a aparecer os problemas de saúde, nomeadamente autoimunes.
Os cereais não são vilões, já que é recomendado que 40 a 60% da nossa alimentação provenha de hidratos de carbono onde se podem incluir os cereais. Mas os cereais desejados são os não refinados, sendo que as frutas e legumes também são fonte de hidratos de carbono.
A investigação científica comprova que a prevalência de doenças aumenta quando a alimentação é muito rica em cereais refinados e açúcares e por consequência também em calorias.
A inflamação causada por uma alimentação excessivamente rica em cereais pode despoletar diversas doenças crónicas que caracterizam a nossa sociedade nos dias de hoje.
Uma alimentação com controlo sobre a quantidade de cereais apresenta benefícios de saúde que podem ir desde a diabetes ao cancro.
Sugerimos por isso que faça uma alimentação variada que não privilegie só os cereais: consuma muitas frutas e legumes, não esqueça a carne/peixe/ovo e as oleaginosas e quando incluir cereais varie entre cereais com e sem glúten, preferindo as vertentes integrais e semi-integrais.