O desenvolvimento Humano e a sua interação com o Planeta Terra dependem fortemente do planeamento sustentável e de uma construção mais sensível e consciente, sintonizada com o Lugar.
O que se pretende é uma construção que não cause impacto ambiental negativo, gerando desenvolvimento sustentável sem esgotar os recursos do planeta e favorecendo a saúde, os processos evolutivos da Vida, bem como biodiversidade.
Ao longo dos tempos o ser humano sempre deu muita importância à envolvente ambiental em que se encontrava e aos recursos naturais à sua disposição no local, não utilizando um modelo tipificado de construção.
Com o passar dos tempos, os avanços tecnológicos do séc. XX desviaram as nossas sociedades de tão notável adaptação.
A bioconstrução vem recuperar esta sensibilidade e conhecimento tradicional, aliando-se ao desenvolvimento e tecnologia atual. A utilização de materiais naturais biodegradáveis não tóxicos é fundamental!
Materiais como a palha e a terra crua, disponíveis em abundância na natureza e com uma tradição ancestral rica em técnicas viáveis e duradouras, são uma boa aposta.
Em Portugal temos grande tradição na construção com terra crua – taipa, tabique e adobe - no centro e sul do país.
Já a norte, a pedra é mais comum. Como acabamentos encontramos os rebocos à base de terra argilosa e de cal, que favorecem a qualidade do ar interior, são naturalmente belos e confortáveis e regulam a humidade no interior para níveis de conforto.
A construção com fardos de palha é ainda recente no nosso país mas está a ganhar adeptos devido ao grande conforto térmico e ambiental que proporciona.
Os primeiros edifícios surgiram nos Estados Unidos com o aparecimento da máquina enfardadeira (início do séc. XX) e alguns deles ainda se encontram funcionais hoje em dia, provando que são resistentes.
Esta construção está agora espalhada pela Europa, principalmente na Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Áustria e França.
A madeira é outro biomaterial, muito útil em acabamentos e estruturas. Deve ser de origem certificada (FSC), local e tratada com velaturas naturais e vernizes não tóxicos.
A cortiça, a celulose de papel reciclado, o cânhamo, os fardos de palha, a lã de ovelha e outros reciclados são alternativas atuais para isolar termicamente, reduzindo os gastos energéticos com climatização e favorecendo o conforto interior e os níveis de humidade adequados.
A bioconstrução tira também partido das técnicas passivas para aquecimento e arrefecimento, através da correta orientação do edifício, das áreas envidraçadas, da inércia térmica, dos sombreamento nos meses quentes, da ventilação natural, etc.
A gestão da água e da energia são fatores de extrema importância, permitindo minimizar os gastos. É possível armazenar águas pluviais para reaproveitamento e tratar as águas cinzentas para rega.
Fontes de energias renováveis e sistemas tecnológicos atuais podem aquecer água, climatizar e produzir eletricidade.
Associados à gestão eficaz dos recursos e à utilização de materiais de baixo impacto ambiental, outros aspetos estão relacionados com a bioconstrução.
Por exemplo, a construção de espaços públicos que favoreçam as relações de vizinhança, a mobilidade, a segurança, a beleza, o aproveitamento eficaz das qualidades naturais do lugar, o desenho arquitetónico energeticamente saudável inspirado em formas orgânicas e em geometria sagrada.
A ocupação ética do solo e a minimização da sua impermeabilização, a autossuficiência local ao nível de energia, economia e produção alimentar biológica, a proteção contra o ruído, a qualidade do ar interior, a minimização da contaminação eletromagnética, etc.
Cabe-nos a todos nós, criadores da realidade, mudar o que já não nos serve. Vamos espelhar na construção dos nossos habitats uma realidade ecológica, feliz e salutar, conectada à natureza, ao clima e ao corpo humano.
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