Uma equipe de pesquisadores, liderados pelo Prof. Agostinho de Carvalho e pela Drª Catarina Duarte, estudaram a composição em polifenóis de variedades de maçã, umas regionais portuguesas e outras de origem estrangeira e mais divulgadas comercialmente.
Os polifenóis (ou compostos fenólicos) são o grupo de fitoquímicos mais estudado, embora outros grupos também sejam bem conhecidos (carotenóides, alcalóides, compostos azotados, compostos organosulfurados).
Os fitoquímicos são compostos bioativos das plantas que apresentam efeito benéfico para a saúde humana.
Os polifenóis podem ser de diferentes tipos – ácidos fenólicos, flavonóides, stilbenos, cumarinas e taninos.
Nas plantas eles desempenham várias funções essenciais à reprodução e crescimento das mesmas, em particular a coloração de flores, folhas e frutos (conferindo por exemplo proteção à radiação solar), e a defesa contra pragas e doenças que as possam atacar.
Para o ser humano os compostos fenólicos trazem efeitos benéficos á saúde, associados à redução do risco de desenvolvimento de doenças crónicas.
A maçã é dos frutos mais ricos em polifenóis em comparação, por exemplo, com a pêra, o limão, a laranja, a banana e o ananás.
Algumas das variedades regionais estudadas são mais ricas em polifenóis do que as variedades comerciais mais cultivadas e consumidas – a Golden e a Gala (quadro 1).
Variedade Regional | Polifenóis totais | Variedade comercial | Polifenóis totais |
Malápio Fino | 164,70 | Reineta Parda | 159,50 |
Bravo de Esmolfe | 144,60 | Starking | 105,00 |
Perô Pipo | 88,50 | Gala Galaxy | 80,31 |
Malápio da serra | 86,00 | Fuji | 80,30 |
- | - | Golden Delicious | 80,40 |
Quadro 1 – Polifenóis em maçãs com casca, expressos em equivalentes de ácido gálico (mg EAG/100g de parte edível).
Vários estudos comparativos também comprovam teores mais altos de antioxidantes mas agora nas maçãs de agricultura biológica, o que se explica pela menor aplicação de adubos e pesticidas de síntese química e pelo maior ataque de pragas (insetos) e doenças (fungos e bactérias).
Em presença de tais ataques a macieira põe em ação o seu sistema imunitário, que consiste principalmente na produção de antioxidantes que combatem os organismos patogénicos, sendo alguns os mesmos que nos ajudam a proteger-nos das nossas doenças.
Para comer maçãs com casca e sem resíduos tóxicos é melhor optar pelas de agricultura biológica, pois a grande maioria das de "produção convencional” e de "produção integrada” contêm resíduos dos pesticidas aplicados no pomar e na central fruteira antes de irem para a câmara frigorífica.
No caso das maçãs vermelhas, que são atualmente mais procuradas, devemos procurar consumir as resistentes à principal doença da macieira - o pedrado - pois assim é mais fácil cultivá-las em pomar biológico e há maior probabilidade de não conterem resíduos de fungicidas.
É o caso da variedade Querina (ou Florina), uma variedade de origem francesa mas que se adaptou bem às condições do Ribatejo e Oeste.